Viver é envelhecer, nada mais!
O título da coluna te impactou? Já teve esse pensamento em algum momento olhando para a sua vida ou para a vida
de seus pais, avós ou pessoas próximas? Então! Eu venho olhando nessa perspectiva já faz pelo menos duas décadas, em razão do crescimento de pedidos de Mediação envolvendo pessoas idosas e suas famílias e, também, porque tenho a experiência de pertencer a uma família com pessoas longevas, que viveram acima dos 100 anos.
Em 2012 a população idosa do Brasil representava 11%. Agora, com o último Censo, o percentual subiu para
15,1%, ou seja, 31 milhões de pessoas idosas. E, em pouco tempo, seremos a 5ª população mais idosa do mundo.
A vida humana evolui em ciclos e isso se reflete, também, nas relações familiares e sociais. Logo, desde o nascimento até a morte, impactamos e somos impactados por todas as formas de relacionamentos que vivemos. E, na fase
tardia da vida, tudo isso se revela em tons que traduzem a nossa experiência de estar no mundo, nossas decisões, nossa trajetória. Daí a importância do título acima e de se incluir o envelhecimento na transversalidade de todas as políticas públicas, revisitando o destaque que já teve na história da humanidade.
Como disse o Papa Francisco na Jornada Mundial dos Avós em 2021: “Com efeito, a velhice constitui uma estação que não é fácil de entender, mesmo para nós que já a vivemos. Embora chegue depois de um longo caminho, ninguém nos preparou para a enfrentar; parece quase apanhar-nos de surpresa”. Sim, precisamos nos preparar para essa estação da vida.Assim, pensar na pessoa idosa nos condomínios, exige um esforço para situá-la num contexto ético, político, cultural, econômico e social que, muitas vezes, tem sido um grande desafio para todos os envolvidos. A população idosa, como uma categoria sociológica para onde muitos estudos tem se direcionado, chama a atenção pelo seu nível de conhecimento acerca de direitos, mas também, de seus desejos e necessidades como consumidora de produtos e serviços.
Existe uma população ativa, buscando segunda carreira profissional, estudando, empreendendo, investindo e contribuindo, cuidando-se e sendo protagonista de sua vida. Por outro lado, existe um viés que nos mostra uma parcela significativa de pessoas fragilizadas, em situação de vulnerabilidade social e econômica, que também estão nos condomínios.
A qualificação do mercado imobiliário e condominial para essa faixa etária tem se mostrado um diferencial não só inovador, mas igualmente, inclusivo e necessário. Para além do conhecimento de todos os marcos legais e regulatórios que envolvem o envelhecimento, é fundamental que os síndicos conheçam os seus condôminos e estimulem a organização de ações que qualifiquem sempre mais a vida condominial, incluindo as práticas adequadas de resolução de conflitos, como a Mediação. Relacionamentos importam!
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