Como a transparência na prestação de contas pode reduzir os conflitos condominiais?
O condomínio como organização social detém certas particularidades. Uma delas é a sua natureza “sue generis”, ou seja, única em seu gênero, misturando propriedades exclusivas e partes comuns, exigindo assim, uma abordagem diferenciada na forma de gestão, prestação de contas e administração de tensões entre os coproprietários.
Diferente de uma empresa, onde os sócios compartilham interesses comuns, como a obtenção de lucro ou a defesa de um ideal social, nos condomínios não há este unificador maior, o que une as pessoas é unicamente sua necessidade de moradia.
A inexistência de uma visão e afinidades por objetivos comuns, somados a diversidade cultural e o individualismo imperante, são fatores que alimentam a atmosfera de desconfiança e o clima de conflitos nos condomínios.
O síndico está obrigado por lei a prestar contas de sua gestão, nos termos do art. 1348, VII e art. 1350 § 2° do Código Civil, anualmente na assembleia, ou quando exigidas.
A gestão eficaz sempre se antecipará as demandas. No caso da prestação de contas, o síndico deve tomar a frente e ser assertivo na escolha da parceria com a administradora ou contabilidade, que neste tempo onde todos estão conectados, deve ofertar ferramentas tecnológicas que promovam transparência.
Pastas mensais físicas e digitais, com relatórios claros, com todos os documentos comprobatórios das despesas e receitas, mecanismos de consulta online, canal direto “tira-dúvidas” com o síndico… ou seja, ferramentas modernas que satisfaçam as necessidades no suprimento de informações para cada condômino.
Estas ações aplacam o sentimento de desconfiança e contribuem para um ambiente de clareza, segurança e bem estar condominial.
Como auditor, convivo com diversas situações de conflitos e disputas na gestão interna dos condomínios e observo que estas tensões têm origens comuns: na falta de clareza na prestação de contas, ruídos na comunicação e a inexistência de canais eficientes que informem os atos administrativos e aplicação dos recursos condominiais.
Quando o síndico conduz seu mandato com responsabilidade e transparência, alimenta o clima de confiança, fortalece o senso de comunidade e corrobora na realização de assembleias produtivas, fortalecendo o vínculo comum de convivência, bem-estar na habitação e manutenção patrimonial dos condôminos.
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